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“Não podemos balançar uma corda que está presa ao
nosso cinto.”
--William Ernest Hocking
A questão do Agnosticismo é de fundamental
importância a qualquer discussão teológica, porque o
agnosticismo coexiste de forma complacente com o
amplo espectro de religiões, ao invés de assumir uma
posição teológica separada ou de oposição. Thomas
Henry Huxley, o originador do termo no ano de 1869 EC1,
afirmou de maneira clara:
“O Agnosticismo não é um credo, mas um método,
cuja essência reside na aplicação vigorosa de um único
princípio... De forma positiva o princípio pode ser
expresso com em questões do intelecto, seguir sua razão
até onde ela puder levá-lo sem outras considerações. E
negativamente, em questões do intelecto, não finja que
conclusões que não são demonstradas ou demonstráveis
são incontestáveis.”2
A palavra em si, como Huxley parece tê-la
pretendido, não define um conjunto de crenças
religiosas, mas ao invés disso exige uma abordagem
racional a todo conhecimento, inclusive aquele vindo da
religião. A palavra “Agnosticismo”, entretanto, se tornou
1 Meagher, Paul Kevin et al. Vol. 1, p. 77. 2 Huxley, Thomas Henry. Agnosticism (Agnosticismo). 1889.
um dos termos mais mal aplicados em metafísica, tendo
desfrutado de uma diversidade de aplicações.
Em diferentes épocas esse termo foi aplicado a uma
variedade de indivíduos ou subgrupos, diferindo
profundamente em níveis de piedade e sinceridade de
propósitos religiosos. Em um extremo existem os que
buscam sinceramente e que ainda não encontraram
verdade substanciada nas religiões com as quais tiveram
contato. Mais frequentemente, entretanto, o
desmotivado em relação à religião utiliza o termo para
justificar desinteresse pessoal, tentando dessa forma
legitimar o escapismo em relação à responsabilidade da
investigação séria de evidências religiosas.
A definição moderna de “agnóstico”, como
encontrada no Oxford Dictionary of Current English
(Dicionário Oxford de Inglês Atual), não é fiel à
explanação de Huxley do termo; entretanto, não
representa o entendimento comum mais moderno e
usual da palavra, que é a de que um agnóstico é uma
“pessoa que acredita que a existência de Deus não é
comprovável.”3 Por essa definição, a visão agnóstica de
Deus pode ser aplicada de forma variada a entidades
hipotéticas como gravidade, entropia, zero absoluto,
buracos negros, telepatia mental, dores de cabeça, fome,
impulso sexual e a alma humana - entidades que não
podem ser vistas com os olhos ou seguras com as mãos,
mas parecem ser reais e evidentes. Claramente, não ser
capaz de ver ou segurar alguma coisa específica não
3 Thompson, Della. p. 16.
necessariamente nega sua existência. O religioso
argumenta que a existência de Deus é esse tipo de
realidade, enquanto que o agnóstico defende o direito de
tal crença, desde que não sejam exigidos provas.
Como um aparte, a filosofia de que nada pode ser
provado de forma absoluta parece ter sua origem em
Pirro de Élis, um filósofo da corte grega para Alexandre o
Grande, comumente reconhecido como o “pai do
ceticismo”. Embora seja saudável certo nível de
ceticismo, até mesmo uma proteção, a posição extrema
adotada por Pirro de Élis é um tanto problemática. Por
quê? Porque o pirronista inveterado logicamente
estimula o cético de ceticismo (ou seja, a pessoa que
pensa normalmente) a fazer a pergunta: “Você alega que
nada pode ser conhecido com certeza... então, como pode
estar tão certo?” Os inimigos da lógica podem criar uma
grande confusão pela compilação de paradoxos e
compostos filosóficos. Outro grande perigo é levar ao
abandono da lógica, em favor da decisão pelo desejo.
Outro perigo é permitir que a imersão em
contorcionismo intelectual suprima o bom senso.
A humanidade deve reconhecer que se o bom senso
prevalece, detratores teimosos começam a parecer
atordoados quando a maçã cai sobre suas cabeças muitas
vezes. Depois de um ponto, aqueles de bom senso para
aceitar intervalos de confiança mínimos (ou valores “P”,
como são conhecidos no campo de análise estatística)
começam a esperar por maçãs maiores, mais altas e mais
duras para convencer os pirronistas desafiadores
academicamente ou simplesmente removê-los da
equação.
Então, pelo bom senso (e experiência), a maioria das
pessoas aceita quaisquer teorias que pareçam mais
razoáveis, provadas ou não em sentido absoluto. Dessa
forma a maioria das pessoas aceita as teorias da
gravidade, entropia, zero absoluto, buracos negros, fome,
uma dor de cabeça do autor e uma fadiga ocular do leitor
– e bem fazem. Essas coisas fazem sentido. Na opinião
dos que têm religião, toda a humanidade deve aceitar
também a existência de Deus e do espírito humano,
porque a evidência esmagadora testemunhada nos
muitos milagres da criação apóia a realidade do Criador
ao ponto em que o nível de confiança se aproxima do
infinito e o valor “P” diminui para algo menor e mais
indefinível que o último dígito de Pi.
Com relação à invenção de T.H. Huxley do termo
“agnóstico”, há uma citação dele explicando-o:
“Toda variedade de opinião filosófica e teológica
estava representada lá (a Sociedade Metafísica) e se
expressava abertamente; a maioria dos meus colegas
eram –istas de um tipo ou de outro; e, por mais gentis e
amigáveis que fossem, eu, um homem sem um rótulo
para se revestir, não podia incorrer nos mesmos
sentimentos desconfortáveis que devem ter acometido a
raposa histórica quando, após deixar a armadilha na qual
seu rabo permaneceu, se apresentou às suas
companheiras normalmente de rabo longo. Então eu
pensei e inventei o que concebi ser o título apropriado de
“agnóstico””.4
De acordo com o exposto acima, indivíduos que se
identificam com o rótulo de “agnósticos” devem
reconhecer que o termo é uma invenção moderna que
surgiu da crise de identidade de um indivíduo em um
círculo de metafísicos. Aquele que cunhou esse termo se
identifica como um homem sem um rótulo, semelhante a
uma raposa sem rabo - ambos implicando a percepção de
certo nível de inadequação pessoal. Qual parte do
orgulho desse homem ele deixou para trás nas
mandíbulas de um enigma religioso indecifrável?
Obviamente, Huxley, como muitos metafísicos e teólogos
proeminentes ao longo da história, foi incapaz de
encontrar uma categoria doutrinária que se adequasse
ao seu conceito de Deus.
Independentemente das considerações acima,
mesmo se uma pessoa argumentar que Huxley não fez
mais do que colocar um rótulo a uma teologia antiga que
antes não tinha nome, a pergunta “E daí?” salta a sinapse
da consciência mais uma vez. Rotular uma teologia não
implica validação ou, mais importante, valor. Se
houvesse valor no conceito, uma pessoa suspeitaria que
tivesse sido mencionado antes – como 1.800 anos antes e
nos ensinamentos de um profeta como Jesus. Ainda
assim os profetas, Jesus Cristo incluído, pareciam ter uma
mensagem muito diferente, cujo ápice era a recompensa
4 Huxley, T. H. Collected Essays (Ensaios Compilados). v.
Agnosticism.
de fé na ausência de prova absoluta, apesar da
incapacidade de ver a realidade de Deus com os próprios
olhos.
A questão do é de fundamental importância a qualquer discussão teológica, porque o agnosticismo coexiste de forma complacente com o amplo espectro de religiões, ao invés de assumir uma posição teológica separada ou de oposição.
سنة النشر : 2013م / 1434هـ .
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